quinta-feira, novembro 20, 2008

Ciclo de cinema mudo - Dizem-nos os cartazes...

Já começou o ciclo de cinema mudo na cidade do Fundão! De 20 a 30 de Novembro, terça feira a domingo - "Dizem os cartazes".


É, na minha opinião, interessante que se adopte uma postura "cinéfila" no que diz respeito à divulgação do "cinema" por parte de uma autarquia. Quem conhece o cinema percebe o que digo... Neste sentido, nada a dizer sobre este ciclo. É uma aposta na qualidade, feita por parte de uma companhia teatral que, talvez no passado, tenha comprometido tal aposta...

Não conheço bem as obras da "ESTE - Estação Teatral da Beira Interior"... De qualquer forma, relativamente à única amostra que pude recolher, uma peça de teatro cujo título é "Pax Romana" e que tive a infelicidade de ver, por "hilariante lapso" no que toca à compra de bilhetes, posso estabelecer um paralelismo entre a "ESTE" e uma companhia de teatro de qualidade, semelhante ao que se estabeleceria entre um "pão bolorento" e "uma broa de milho feita num forno a lenha pela avózinha"...

Exagera-se? Talvez..., ou talvez não... Se calhar enfatiza-se, tão só...

Não critico o trabalho dos actores, que me parece esforçado e digno de alguns reparos positivos, no que diz respeito à qualidade desse mesmo trabalho... Critico, sim, a escolha do conteúdo... Embora não saiba, nem possa saber com certezas, se essa escolha pertence exclusivamente à ESTE..., ou seja, se quem está à frente da ESTE é, ou não, um autor...

Poder-se-á inclusive dizer que a peça "Pax Romana" é uma peça para ser vista por crianças e que, nesse sentido, até terá qualidade... Mas aquilo a que assisti nas comemorações do dia mundial do teatro na cidade do Fundão, foi a um auditório cheio de gente, cuja grande maioria nunca vi na vida e cujo universo total teria apenas cerca de um por cento de crianças...

E pergunta-se:

Será que essas pessoas foram ver o teatro por iniciativa própria? De onde vinham elas? Será que essas pessoas, ao ver a informação acerca de uma peça chamada "Pax Romana", se dirigiram voluntariamente às bilheteiras da moagem, compraram o seu bilhete e assitiram ao espectáculo?

Muito francamente, não sei... O único que sei é que elas chegaram praticamente todas juntas, enchendo, de súbito, a moagem, mais parecendo que se tratava de uma qualquer "excursão organizada", do que do "exercício livre de um hábito cultural"...

Poderá, esse tipo de exercício, existir no Fundão? Parece-me que sim... As terras fazem-se das pessoas que lá vivem, não são nada por si só... Se no Fundão vivessem só "lisboetas", ou "portistas", ou "coimbrões", entre outros, claro está, "o galo cantaria de outra forma"... Mas esses, "os fundanenses que conheceram a urbe"..., não voltam! E duvido que a grande maioria deles algum dia volte...

Porquê?

Leiam este texto com atenção... Será, concerteza e pelo menos, parte da resposta à pergunta enunciada...

Tentei encontrar na internet uma imagem do cartaz deste ciclo de cinema mudo, para a expor neste blog, prestando a informação necessária a quem quisesse exercer um hábito cultural em liberdade... As únicas imagens que encontrei na internet não permitiam o "copy paste", pelo que não o pude fazer... Aliás, havia uma que permitia, a que está no site da "ESTE"..., mas nessa imagem foram retiradas as datas...

No site da câmara municipal, tal ciclo não vem divulgado, ao contrário do que aconteceu com anteriores ciclos... Existem sim, um sem número de cartazes colados na cidade do Fundão, pelo que nenhum Fundanense poderá dizer que não teve conhecimento do mesmo...

De qualquer forma, pelo método de divulgação seguido, duvido que seja possível a qualquer beirão, que não fundanense, ou mesmo a qualquer português, que não fundanense, ter acesso fácil a esta informação...

Poder-se-ia aventar o argumento de que "o que se faz no Fundão é para os fundanenses"... Mas, a esse argumento, confesso não ter capacidade para responder, ressalvando, naturalmente, a expressa ironia que ora se demonstra...

Gostaria muito que todas as autarquias da beira interior tivessem uma newsletter cultural... Gostaria muito de poder ser "algo para lá do Fundão"... Gostaria que, nas sessões que existem na moagem, estivessem presentes fundanenses, covilhanenses, albicastrenses..., lisboetas, até!..., mongóis, porque não? :)

E gostaria também de, de vez em quando, dar um saltinho à Covilhã, ou a Castelo Branco..., para assistir a qualquer coisa que tivesse qualidade... Mas só posso dar esse saltinho a Lisboa, ou ao Porto, ou a Coimbra..., porque, no fundo, só lá é que existe qualidade... Porque o que não se divulga não existe!

Não gosto de falar de política..., apesar de confessar que, em certa medida, é o estou a fazer... Não é por se perceber Aristóteles que o poder nos corrompe... Não é sequer por perceber Maquiavel... É, tão só, por "exercer Maquiavel"!...

Não gosto de políticos, enquanto políticos..., de todos eles!... De qualquer forma, o que pretendo é apenas viver numa "CIDADE"..., tão só... E o epíteto, esse, já existe... Faltará porventura o resto...

Vejo tanta gente a trabalhar na câmara... Será que não há "UM" desses trabalhadores com disponibilidade para fazer uma newsletter cultural?

A culpa não é dos trabalhadores, atente-se... Porque esses têm famílias, empregos..., e o que pretendem apenas é subsistir, viver...

De quem é?

Não me interessa (ponto)

Vou ver se dou um saltinho à moagem no dia 12, pode ser que ainda vá a tempo...! Há muito que não vejo cinema numa "SALA", com uma tela gigantesca, daquelas que nos consomem "evangelicamente"! Sei que não é essa a tela que existe ou algum dia poderá existir na tal coisa a que chamam "cidade do engenho e das artes"... Não sou arquitecto..., apenas penso que um edifício tem que ser construído "FUNCIONALMENTE" e, se não o é, pouco se poderá fazer no futuro...

Ainda assim, é "gira" a moagem! "Bonitinho" o edifício... É um museu por si, porque, partindo-se de um modelo pré-existente de arquitectura industrial, se conseguiu arejá-lo com toques de contemporaneidade... Aliás, ainda durante o Imago, assisti a uma espécie de "excursão de pensionistas", vindos de lugares remotos, à Moagem... Assisti até a parte da visita guiada... Que grande visita..., a dos pensionistas, claro está...

Está "gira a moagem"..., reeitera-se... Bem mais gira do que o Fundão merece, parece-me...

Não sei é se tem as valências necessárias a que lá se faça tudo o que se diz poder lá ser feito... Quando se fazem edifícios para mostrar obra, não reflectindo o carácter teleológico da obra, é isto que normalmente acontece... Ainda assim, não sei, sublinhe-se..., apenas reflicto...

Deixo o programa do presente ciclo, "escavado" neste site. Afinal de contas, pode ser que, assim, existam maiores possibilidade de por lá aparecer um qualquer mongol! :)

5 de Novembro, 21h30 – Estúdio Cinema"A Magia de Méliès"

1- The Eclipse, The Courtship of the Sun and Moon
2- Long Distance Wireless Photography
3- The Coock in Trouble
4- The Black Imp
5- The Hilarious Posters
6- The Wonderful living fan
7- The Mysterious Retort
8- The Enchanted Sedan Chair
9- The Playing Cards
10- The Untamable Whiskers1

12 de Novembro. 21h30 – Estúdio Cinema“Pamplinas Maquinista”

A obra-prima incontestada de Buster Keaton, um dos maiores cómicos do cinema, pela primeira vez em alta definição, imagem a imagem. Em “Pamplinas Maquinista”, Johnnie, maquinista da locomotiva, prova a sua coragem à sua amada, alistando-se no exército. Piadas, acção e emoção sucedem-se ao ritmo da música especialmente composta por Joe Hisaishi. O filme termina com uma canção inédita interpretada por Anna Mouglalis e escrita por Georges Moustaki.

15 de Novembro, 23h00 – Lounge Cinema/MúsicaChaplin vs F.R.I.C.S

Curtas de Charlie Chaplin musicadas pela Fanfarra Recreativa e Improvisada Colher de Sopa.A F.R.I.C.S é um ponto de união entre algumas das mais obscuras celebridades do underground portuense. Comungando do espírito ruidoso, festivo e comunitário das fanfarras da nossa infância, cada actuação da F.R.I.C.S leva o público numa viagem psicadélica em direcção a um lugar muito distante das habituais noções de “fanfarra”, “recreativa”, ou “colher”.A viagem psicadélica aqui proposta acompanha as imagens dos filmes de Charles Chaplin, propondo uma singular banda sonora original.

Ps: Se não gostarem de cinema, não frequentem este ciclo... Guardem-se para a "tibórnia" que, como conceito, é também bastante interessante... Só não se pode é "tibornizar" o cinema...

Ps2: Deixa-se uma foto tirada ao cartaz afixado em frente ao tribunal do Fundão, igual a todos os restantes... Que belo cartaz? Reparem nas datas... É irónico, não é?

Vou ver se me deixo de olhar para cartazes... Ainda fico esquizofrénico..., pode ser que já não vá a tempo do dia 12...

Ps3: Deixa-se o cartaz encontrado no site da "ESTE"... Tiraram-lhe as datas? eheh!




Se calhar já não vou à moagem no dia 12... Pode ser que fique por casa a ver um filme, pode ser que vá cavar um bocado de terra, ainda assim, a única vantagem desta "TERRA", venham as pessoas que vierem, porque começo a desconfiar que, quem vem, apenas o faz se "puder exercer Maquiavel" ... E a urbanidade reserva-se à urbe...

3 comentários:

Pedro Fiuza disse...

ai ai ai ai ai... nem sei o que diga, infelizmente mais uma vez, nem sei o que diga...

Stalker disse...

Para estar a par de algumas das coisas que se programam em Castelo Branco, basta enviar um e-mail para este endereço: geral@primaveramusical.org com subscribe no assunto.

Ursdens disse...

Obrigado stalker!

Vou já subscrever!

:)