sábado, fevereiro 28, 2009

Fotogramas que valem um filme


segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Um certo odor fecal

1º- Filmes políticos = prémios. (até em Cannes tem sido assim)
2º- O óscar da Penelope é justo.
3º- Não percebo o brilhantismo de milk, muito menos o do Penn (que é um grande actor). O Rourke sempre foi medíocre, mas merecia este.
4º- O do homenzinho velho que ficou novo era, para mim, o que no seu conjunto mais mérito apresentava.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Na televisão

Há dois dias, revisionamento do breve-arte que, como o nome indica, se expressa nisso mesmo. Banda sonora melosa e aqueles planos em câmara lenta indutivos de desconforto cerebral. E depois o actor, esse maravilhoso portento que tem a habilidade (ou dom, não sei como lhe chamar) de representar sempre o mesmo papel em todos os filmes em que entra. Grotesco, abominável, cómico de circunstância sem piada...

Como comentário da imagem à esquerda: "Tens mesmo cara de estúpido"...

Ontem, coisa melhor, bem melhor. Filme giro, vá... "When will I be loved" fez-me lembrar o cinema de Hal Hartley. É daqueles filmes que dá gosto ver na televisão. Não se têm esperanças nenhumas, não se sabe nada acerca do filme e, a final, acaba por agradar.

Tema batido, acerca da carência e do significado da prostituição a ela associada. Faz lembrar "Proposta indecente", mas não é bem isso. Filmicamente diga-se, tem uma certa qualidade. Sabem bem os "planos flutuantes" ao som daqueles violoncelos.

É um filme com cariz autoral, de um realizador relativamente desconhecido, que escreveu as bases do argumento de um recente grande sucesso de Jacques Audiard - De batre mon coeur s'est arrêté.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Pensamento superior, rasa biologia, ou "o oriente sempre fora muito à frente"?

"Sob a influência do teatro Kabuki Eisenstein começou a ver a montagem como uma actividade de fusão ou síntese mental, através da qual pensamentos particulares eram unificados a um nível de pensamento superior, e não como uma série de explosões no interior de um motor de combustão, opinião que antes tivera. Eisenstein estava fascinado pelo uso de convenções, máscaras e vestuário simbólico que caracteriza o teatro do Oriente. Começou a interessar-se pelas ideias dos japoneses sobre composição pictórica. Sob o sortilégio do Oriente, a montagem tornou-se difusa para Eisenstein. Por fim, o teatro japonês sugeriu ao cineasta o conceito de "conjunto monistíco" que cada vez mais começou a dominar o seu pensamento, vindo a culminar nos excessos wagnerianos de que enfermou a sua produção das Valkyrie. O modo como o som e o gesto funcionavam no teatro Kabuki fascinava-o; questão que, aliás, se tornou para ele cada vez mais crucial ao dar-se conta que o filme sonoro seria a forma do futuro. Mais uma vez, bastante dentro ainda da tradição de Meyerhold, reagiu com a ideia de que o filme sonoro significava a supremacia da palavra falada e procurou um modo diferente de combinar as componentes aural e visual do cinema. Eisenstein compreendeu que no teatro Kabuki a linha de um sentido não acompanhava simplesmente um outro, mas que ambos eram inteiramente intermutáveis, elementos inseparáveis de um conjunto monístico."


In: Signos e significação no cinema - Peter Wollen

sábado, fevereiro 07, 2009

Estética MTV

Havia um senhor chamado Danny Boyle que fez uma mágnífica obra prima, "Trainspotting." Havia outro senhor, chamado Fernando Meirelles, que seguiu a toada e fez outra também magnífica obra prima, "A cidade de Deus". Havia ainda outro senhor chamado Cameron Croewe que, apesar de nunca ter feito uma obra prima (Almost famous é um filme giro), copiou uma sob o nome de Vannila Sky.

E o que é que tudo isto tem a ver? Provavelmente nada, dirá o leitor...

Em Cidade de Deus, temos o Gui Boratto e umas batidas tecno, em Vanilla Sky, aquele fabuloso clip do Everything in it's right place e, em Trainspotting, aquela musiqueta dos underwold. Ou seja, parece-me que não é de filmes que falamos, mas de antologias de videoclips.

É certo que a chamada "estética MTV" chegou há muito e estará para ficar ainda mais uns anos. É também certo que, quando a mesma chegou ao cinema, houve algo de inovador, sem dúvida...

Começa a fartar? (pergunta que se vai impondo...)

Falar sobre cinema e sobre a sua definição seria também falar de entretenimento, vector que o cinema não deixa nunca de preencher. Mas só entretenimento? Arte=entretenimento? Cinema é arte?

Não querendo adoptar acepções "quadradas", nem vou sequer perder tempo a responder a estas perguntas... Vou antes falar um bocado sobre "Slumdog Millionaire", que vi ontem:

1º- O Boyle tem um evidente e autoral fetiche por sanitas.
2º- O Titanic provocou-me uma sensação de amor-ódio semelhante a este Slumdog.
3º- O sitema de castas na Índia tem que acabar.
4º- Já se fala de retorno ao Marxismo, pode-se ler um artigo sobre isso na Visão desta semana.
5º- O único mérito do Kill Bill é debruçar-se sobre filmes de série B.

Finalizando, "Slumdog Millionaire" é, para mim, um filme que entretem, cumprindo esse escopo na plenitude. Não é um filme inovador nem original. Está completamente imbuído nos moldes de montagem MTV. Tem um genérico final atrozmente absurdo, sendo que dentro deste conceito de absurdo não encontro qualquer acepção dadaísta. Vale a pena ver, com pipocas. Duvido que ganhe óscares ou qualquer prémio que seja.

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Itálicas considerações






























Há muito que venho afirmando que vejo a película de Marco Tullio Giordana como uma continuação da antecedente de Bertolucci. As razões são de ordem vária, principiando pela duração do filme. Afinal de contas, são poucos os filmes de seis horas que existem na história do cinema, retirando do lote as excentricidades cinemáticas do "casalinho" Warhol/Morrisey, que mais valia não terem sido vistas por ninguém, como aliás me parece que não o foram...
Mas existem outros pontos de contacto que me parecem evidentes. A narrativa histórica é comum nos dois filmes e, acaso do destino ou não (a mim parece-me que não), o relato da história italiana começa, em "La meglio gioventù", exactamente onde o mesmo acabara em "Novecento". Cem anos da história de um país, mais coisa menos coisa. Aliás, emende-se..., quase toda a história de um país que, enquanto tal, só se conhece desde o século XIX, não convirá esquecer.
A finalizar, outro argumento, para mim o mais relevante e que me parece ter sido o móbil de Tullio Giordana, alertando porém, que me parece um dado adquirido ter o mesmo visto a película de Bertolucci. São realizadores da mesma nacionalidade, naturalmente cinéfilos e informados. Mas dizia eu, esse argumento prende-se com a temática central do filme que, a meu ver, é não mais que a amizade. Marco Tullio Giordana tenta escapar às conclusões aventadas por Bertolucci aquando do final de Novecento, parece-me... Abordando a mesma temática, embora com um espectro bem maior e não somente baseado na "amizade a dois", tenta demonstrar a necessidade do "grupo", vendo nele as possibilidades que Bertolucci claramente não viu no seu "Novecento".

No entanto, é de epopeias que falamos, e nestas parece-me, o reducionismo à ideia central reduzirá naturalmente a abrangência das obras. Quis-se apenas salientar um aspecto, não mais. Dizer que Bertolucci é real e Giordana ideal, seria passar a uma análise que não me interessa fazer, antes contrariar...