quinta-feira, outubro 30, 2008

Bergman!


Finalmente percebi, totalmente, aquilo que já tinha lido e questionado há muitos anos...


BERGMAN É PÚBERE!!! O medo da morte acabou com ele e está presente em toda a obra, é o verdadeiro móbil... A questão não é estética, é autoral... Estou disposto a falar sobre isto se alguém tiver alguma coisa a dizer, não sei se até ao fim, veremos... Circunstâncias, contextos, possibilidades e impossibilidades...


Cumprimentos cinéfilos, mas também globais!

quarta-feira, outubro 29, 2008

Doc Lisboa


Prémio Tobis para o melhor docmentário português de curta-metragem


O Segredo CN de Edgar Feldman25´ Portugal 2008


António Dias Lourenço, hoje com 94 anos, comunista, relembra os anos de encarceramento no Forte de Peniche, durante a ditadura fascista em Portugal, focando-se no episódio da sua evasão em 1954. É essa fuga, de uma coragem física notável, que o filme pretende mostrar. Percorrendo a velha cadeia de alta segurança e o que resta do antigo edifício, Dias Lourenço evoca as peripécias pelas quais passou para se evadir e mostra algumas das salas onde ele e os seus camaradas viviam diariamente. Foi depois de ter sido castigado a um mês de “segredo” (um cubículo sem luz destinado às piores reprimendas) que resolveu engendrar uma das mais bem sucedidas e espectaculares fugas. (Sinopse retirada do site do doc Lisboa).
Se ainda vivesse em Lisboa já tinha visto de certeza... Como não vivo, terei que esperar que alguém me arranje o dvd... De qualquer forma, muitos parabéns Gonçalo, porque quando me falaste pela primeira vez da curta com o velhote nunca pensei que de lá viesse isto! :)

segunda-feira, outubro 13, 2008

Imago 2008 - Balanço

A segunda-feira pós Imago é sempre um dia, um tanto ou quanto, depressivo... Se, no dia anterior, uma pessoa ainda passava em frente à moagem e notava uma certa ambiência urbana, no dia de hoje, o máximo que por lá se pode ver é o "cigano meio doido" a mandar vir com os automobilistas, um senhor de boina montado numa famel com um cesto de couves galegas atado na parte de trás, ou um par de habitantes deste concelho extremamente felizes por terem acabado de comprar um novo cabo para a forquilha de ir ao estrume... Não estou a gozar, atente-se, estou apenas a estabelecer um paralelismo, a constatar um contraste...

O Imago, este ano, esteve mais fraco que nos anos anteriores, parece-me... Se calhar foi por ter começado num sábado e não numa sexta, se calhar foi porque o feriado do 5 de Outubro não calhou a meio da semana, mas sim num domingo, se calhar foi porque não há público no Fundão, porque não se geram hábitos culturais sólidos no Fundão, porque a programação cultural vai andando à deriva por entre um emaranhar de decisões de fundo que ainda estão por tomar... Não sei e, muito francamente, não sei sequer se quero saber..., afinal, não é para falar sobre estas coisas que este blog existe...

Adiante:

No dia em que o Imago começou fui ver o filme "Un film comme les autres", realizado por Jean-Luc Godard em 1968. É sempre interessante a hipótese de ver um filme que, antes desta exibição, apenas tinha sido rodado uma vez em Portugal, para mais, legendado em português. De resto, ver duas horas de filme em que a ideia fundamental é trazer os estudantes para as fábricas e os operários para as universidades, parece-me "ideologicamente dispensável"... Enfim, Godard e os seus radicalismos, Godard e a sua obra depois de 67, Godard e a substituição da arte pelo compromisso...

À noite fui à cerimónia de abertura. Foi a primeira vez que fui e, devo dizer, gostei! Gostei, em primeiro lugar, porque tive a hipótese de assistir à curta que venceu o ano passado. Sofro de "comichão de curtas", isso é sabido, mas gostei muito desta, muito mesmo! Chama-se "The Tube with a Hat", é um filme de leste (roménia, salvo erro) e conta uma história simples que, encaixada numa longa metragem, resultaria num momento cinematográfico de grande intensidade! Vejam se puderem, vale a pena!

Uns dias depois, fui ver aquele que, para mim, é o "último filme de Godard"... Isto porque considero "La Chinoise" o grande momento de viragem na sua obra.
Se, por um lado, ainda podemos lá encontrar reminiscências estéticas de filmes como "O Acossado", "Pedro o Louco" ou "Une Femme est une Femme", por outro, esbarramos de caras com o compromisso ideológico radical assumido, ainda hoje, por Godard e que o fez romper com os demais realizadores da nouvelle vague e amigos dos cahiers du cinema... Por essas razões e muitas outras (nomeadamente o facto de este ser, não apenas um filme, mas um documento histórico de sobeja importância no que ao Maio de 68 diz respeito) gostei muito de "La Chinoise".
Naturalmente que o Maio de 68 teve muitas coisas boas, mas parece-me claro que a assunção de discursos extremistas sem qualquer noção da realidade das coisas, conduzirá inevitavelmente a um vazio...
É engraçado o momento do filme em que vemos o professor académico a conversar com a aluna revolucionária... Dizia-lhe ele qualquer coisa como isto: "Agora conquistam o poder, tudo bem... E depois o que é que vão fazer com ele, como é que vão mudar as coisas?" Não sei se este professor académico é uma espécie de alter-ego do autor, para o saber teria que me dar a uma série de trabalhos que, para já, não quero, nem tenho tempo para ter... De qualquer forma, é sempre interessante que se coloquem freios às ideias, que se cultive a responsabilidade... Se calhar foi isso que falhou no Maio de 68...

De resto, não consegui ver o "The Great Rock 'n' Roll Swindle"do Julien Temple, uma vez que foi adiado de sexta à noite para sábado à tarde..., pena..., mas assim fica descrito "todo o pouco" que vi de cinema neste Imago 2008...

No que toca a concertos, gostei do concerto dos Principles Of Geometry, embora entenda que não era um concerto para ser exibido num auditório, gostei do Badly Drawn Boy e de Sam and the Plants. Perdi algumas coisas..., tenho pena de não ter visto, por exemplo, Voice of The Seven Woods, mas, enfim, para o ano há mais, ou pelo menos assim se espera, a bem do "projecto de cidade"!