quarta-feira, outubro 03, 2007

"Stop making sense"

Durante estes dias de Imago tenho aproveitado a secção "Stop making sense", com vários documentários a rodar no "Delta open space" e direito a entrada gratuita.
Na segunda feira vi o filme "Glastonbury" de Julien Temple. O filme é um documentário acerca do festival sobejamente conhecido no Reino Unido e por esse mundo fora. Cruzam-se imagens dos primeiros anos do festival com outras mais recentes, na tentativa de explorar aquilo que, tendo começado como um acontecimento "hippie", gradualmente se foi transformando num fenómeno de massas, com todas as vicissitudes comerciais que, a isso, estão adstritas.

De imediato estabeleci um paralelismo entre este filme e outro que já tinha visto há algum tempo, "Woodstock, 3 days of peace & music", realizado por Michael Wadleigh em 1970. Desse paralelismo resulta uma apreciação aplicável a ambos: São filmes chatos, repetitivos, de enredo circular... Uma hora de cortes e a coisa até poderia ser agradável e evitar o bocejo...

Ontem voltei ao "Delta open space" para ver "American Hardcore The History of American Punk Rock 1980-1986". Apesar de não me rever no fenómeno descrito no documentário, devo dizer que foi o melhor que vi até agora neste Imago 2007.
O filme conta a história do "hardcore" americano, das suas raízes, dos seus fundamentos... Com uma estrutura documental, aborda-se a América do recém eleito Regan, uma América voltada para um passado superficial, apostada em retornar a moldes hegemónicos dos anos 50, cheia de futilidades e homogeneizada por ideias nacionalistas e conservadoras. Neste clima de amorfismo, surgem uma série de indivíduos verdadeiramente anarcas e intransigentes, para os quais as regras não existiam, vivendo sem objectivos muito claros, a não ser a assunção de um grito de revolta, contra tudo e contra todos...

O resultado é a criação de um movimento baseado, pura e simplesmente, na adrenalina! Os "punk rockers" americanos detestavam os Sex Pistols e tudo o que tivesse origem em atitudes, para eles, decadentes. Apelidavam Sid Vicious de "junkie" e perconizavam um estilo de vida "straight edge", com abstinência de drogas, alcóol e sexo casual, apimentado, aqui e ali, com laivos de violência gratuita...

Apesar de ser muito difícil a qualquer pessoa do mundo de hoje identificar-se com estes valores, é sempre interessante conhecer a história de um movimento deste género, bem como as causas que o originaram. Por estas razões, "American Hardcore" é um filme a não perder para qualquer pessoa que se interesse por música e pelo conhecimento de fenómenos "underground".

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