sábado, outubro 28, 2006

Goodbye South, Goodbye

"Goodbye South, Goodbye" apresenta-se-nos como um exercício cinematográfico extremamente peculiar, não na história em si, mas na abordagem feita pelo realizador. É um filme repleto de pequenos pormenores deliciosos, quer no plano, quer na definição de personagem, e com um ritmo muito único. Esta talvez seja mesmo a sua maior peculiaridade, o ritmo. Através de longos planos em movimento (viagens de carro, comboio, mota) e de uma banda sonora muito forte o espectador é levado também, de certa maneira, a viajar.. Por outro lado a câmara é utilizada bastantes vezes para captar o mundo mimetizando os olhos das personagens, sendo disso exemplo o plano genial em que a namorada de Gao olha para ele através de uma bola de cristal ou quando Flatty vai servir à mesa com os óculos escuros a ouvir música altíssima.
A história propriamente dita gira à volta de dois gangsters, Gao e o seu irmão Flatty, e dos seus planos de enriquecimento rápido, assim como das suas expectativas e desejos.. O universo do filme fica completo com a família, os amigos e as namoradas dos dois (Ying e Pretzel) e a presença sempre constante da paisagem, seja ela Taipé ou não.. Num ambiente extremamente conflituoso mas quase melancólico (devido ao trabalho de câmara e luz) a vida das personagens, pouco compensatória e mesmo vazia, leva o espectador a sentir uma certa compaixão pelas "pobres criaturas" o que nos deixa com um certo sabor agri-doce no fim do filme..Depois de "Three Times" e "Puppetmaster", "Goodbye South, Goodbye" foi uma descoberta muito positiva, o que me leva a continuar o ciclo Hou Hsiao-Hsien com bastantes expectativas..

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