segunda-feira, janeiro 08, 2007

Babel

Só hoje tive tempo para ir ver "Babel", o último filme de Alejandro González Iñárritu, que encerra a "Trilogia da Vida" iniciada em "Amor Cão" e continuada em "21 Gramas".
Babel é, formalmente, um conjunto de histórias encadeadas entre si, como já o tinham sido os dois predecessores. Iñárritu usa pequenos instantes para deles fazer uma sinapse coerente e capaz de transformar o modo de "contar um filme". Talvez, deste ponto de vista formal, possamos ver em Iñárritu um continuador de Altman ou Paul Thomas Anderson, mas não nos deixemos levar pelo deslumbre, porque uma trilogia não faz uma obra. Teremos que esperar, porventura, mais longas metragens de Iñárritu para que o autor se defina.

Babel inicia-se com as paisagens do deserto marroquino, onde duas crianças de um mundo rural têm o primeiro contacto com as armas. Daí a que estejamos perante a história de uma ama mexicana e dois miúdos ocidentais, de um casal de turistas em que a mulher está à beira da morte, ou de uma miúda japonesa com os seus traumas de adolescente, pouco vai, por entre um sem número de elipses extremamente bem conseguidas. De facto, é nisso, para lá da fotografia, que Iñárritu se destaca. Não haja dúvidas de que o homem sabe montar...

Este é um filme sobre a comunicação ou a falta dela... no casal (Pitt e Blanchett), nos povos (as tensões diplomáticas entre o governo marroquino e o americano), nos pais e nos filhos (a menina oriental e o seu pai), nas relações entre as autoridades e os cidadãos (a ama mexicana ou o pastor marroquino e os seus filhos), no amor (a menina oriental novamente)... Engraçado como, desabrochando a vida comunitária na sociedade globalizada dos dias que correm, não chegue o inglês para que todos se percebam...

A dada altura, e principalmente na história passada a oriente, têm-se uma sensação de "Lost in Translation", quer pelos magníficos palnos de arranha-céus, com que, aliás, o filme acaba, quer com as bizarrias da cultura nipónica.

Vi também um pouco de "American Beauty" na relação entre a menina oriental e o polícia, senão um quase plágio.

Gostei do silêncio e da forma como Iñárritu o usou. Lembrei-me do final de "Os 400 Golpes" de Truffaut, embora em "Babel" me pareça que este é usado de uma outra forma, muito mais conceptual.

Mas, como nem tudo são rosas, houve, na minha opinião, algo que faltou em "Babel". Talvez por estar à espera do "filme do ano", como por muitos fora empolado, talvez por, comparado com "Amor Cão", não passar de um filme engraçado (tal como "21 Gramas" já o tinha sido), ou talvez ainda por já não se poder ver um filme no Cinema Monumental em silêncio...

De qualquer forma fica o registo. Gostei, vale a pena, mas não é uma obra prima...

1 comentário:

Anónimo disse...

devias tar com a moca qd viste esta merda