segunda-feira, junho 18, 2007

Edmund-Doinel

Onze anos separam Edmund de Doinel. Onze anos em que se esbate o neo-realismo e surgem os primeiros ecos da nouvelle-vague. Em Edmund vemos a guerra, o desolo, o desespero... Em Doinel vemos outras guerras e as mesmas catástrofes...

O cinema espelha os tempos e mimetiza a actualidade... Meninos descalços de amor, vestidos de trabalho, "não-vidas" mascaradas de pequenas alegrias...

O neo-realismo em Truffaut é evidente, tão evidente como a nouvelle vague seria impossível no pós-guerra...

A final, uma caminhada..., em Doinel rumo ao sonho, em Edmund rumo à morte... Como se o novo cinema criasse novos caminhos sob os mesmos espectros...

Tão parecidos que são estes meninos, tão parecidas as histórias de quem sofre por fome de pão e de quem sofre por fome de afecto..., uma diferença apenas, a fome de pão não permite sequer o sonho..., daí as inevitabilidades, daí a música, daí a montagem rápida, daí o advento de "novos-cinemas"...