terça-feira, janeiro 20, 2009

Newsletter do Primavera musical - Castelo Branco (acabadinha de receber)

PRIMAVERA MUSICAL 2009
15º Festival Internacional de Música de Castelo Branco
NEWSLETTER – Janeiro 2009

Que 2009 seja um ano muito preenchido de boa música!
Se tudo corresponder ao calendário apresentado pela Direcção Geral das Artes, em Fevereiro, na primeira quinzena, teremos disponíveis os primeiros resultados obtidos pela nossa candidatura aos apoios directos quadrienais do Ministério da Cultura. Estes resultados são extremamente importantes não só para a edição deste ano, mas também para o futuro do Primavera Musical. Daremos notícias logo que as recebermos. Relembramos que todas as informações veiculadas nestas newsletters são condicionadas por estes mesmos resultados.

15 anos de Primavera Musical! Muitos foram os momentos de exaltação musical que vivemos ao longo destas edições do Festival e será algo injusto referir apenas duas ou três, mas vamos arriscar e prometemos voltar a lembrar outros momentos numa próxima oportunidade. Um dos marcos que merece amplo destaque é aquele que foi o concerto que nos mostrou, logo no início, que valia a pena continuar com o Primavera Musical: o Quarteto Borodine, no ano do seu Jubileu, comemorando 50 anos de existência, provocou uma enchente no auditório que, na altura, era o mais usado por nós, o da Escola Superior Agrária de Castelo Branco. A surpresa foi enorme, pois embora seja um grupo incontornável, na música de câmara, nunca esperámos tamanho entusiasmo e até alguma histeria. Cadeiras suplementares, longas ovações e intermináveis sessões de autógrafos, no final. Todos os discos que havia disponíveis para venda desapareceram num ápice e até lembramos algumas discussões porque havia quem quisesse aquele disco e não o outro. Foi esse o último ano do violetista Dmitry Shebalin com o quarteto e passado pouco tempo o primeiro violino Mikhail Kopelman sairia também, tornando este concerto um acontecimento único.
Num outro registo, a vinda do guitarrista Egberto Gismonti ao Primavera Musical quase que esteve para ser cancelada mal o extraordinário músico brasileiro pisou o solo português. Eventualmente o seu cabelo comprido, as calças de ganga, a barba grisalha e a caixa da guitarra, impulsionaram a polícia de fronteira para um questionário considerado pelo autor de “Água e Vinho” como inaceitável. Após muito tempo de espera o primeiro contacto foi mesmo esse: manifestou-nos a sua vontade de voltar já para o Brasil. Ao fim de cinco minutos de conversa tudo acalmou um pouco e ainda bem. No dia seguinte e perante um Cine-Teatro Avenida completamente lotado, Egberto Gismonti, primeiro com a sua guitarra e, depois, no piano, deixou uma marca que ainda hoje perdura em muitas pessoas. E que melhor resultado para o nosso trabalho de programação e produção, que as marcas que, aqui e ali, o Primavera Musical vai deixando no seu público?

É por isso mesmo, que estamos a trabalhar para que este ano de 2009, seja marcado pelo nosso aniversário.
Já vos falámos no guitarrista Martin Taylor e no Quatuor Psophos, mas queremos que saibam um pouco mais, nesta newsletter de Janeiro.
Qual o papel da Crítica Musical nos nossos jornais, rádio e televisão? De que forma os meios digitais estão a alterar a função do crítico? Até que ponto a dimensão do mercado afecta a actividade do crítico? E lá fora, como é?
Estas são apenas algumas das perguntas que vão estar em discussão no Fórum dedicado à Crítica Musical, que vamos organizar nos dias 23 e 24 de Maio, em Castelo Branco. Convidamos Cristina Fernandes, que escreve habitualmente no jornal Público, para ser a coordenadora deste espaço, que irá contar com a participação de alguns dos mais destacados críticos que trabalham em Portugal.

Esta é uma das novidades que estamos a preparar para si, mas gostávamos também que soubesse que dedicaremos uma parte do Primavera Musical 2009 ao bicentenário da morte de J. Haydn. Um dos concertos mais importantes será a apresentação de Canções a três e quatro vozes pelo grupo Voces Caelestes, dirigido por Sérgio Fontão e com Ana Mafalda de Castro, como cravista. Será a primeira vez deste magnífico grupo não só no Festival mas também na região, o que constituirá uma oportunidade única e imperdível, para os ouvir. Mas quando será? Tudo aponta para o dia 16 de Maio!

A próxima newsletter será enviada em Fevereiro.

Até lá, Boas Músicas e vão tirando notas para a agenda!
Carlos Semedo
Co director artístico e produtor executivo

Toda a Primavera aqui:
http://www.primaveramusical.org/ http://www.primaveramusical.blogspot.com/
Posfácio: Alegra-me saber que há cultura no interior do país, com qualidade, diversidade, informação democrática e calendarizada e, especialmente, altruísmo e dedicação. E não estou a ser cínico, apenas inversamente realista e democraticamente opinativo...
Deixo um link para uma coisa que, embora demasiado urbana e passivel de urticário contágio a quem por estes feudos dela tome conhecimento (se é que não tomou já), poderia ser útil a futuros projectos:
E uma coisa deste género a abarcar Fundão, Castelo Branco, Guarda, Covilhã, Idanha e mais o que vier...? Seria assim tão mau? A U.E. não financiava?
Ups..., o bairro, já me esquecia..., disparate..., esqueçam lá o posfácio... Está muito bom sim senhor! :)

2 comentários:

Stalker disse...

Obrigado pela divulgação.Sobre a possibilidade de uma "agenda A23", tenho a certeza que é exequível, mas é preciso destacar as boas práticas já existentes. Por exemplo, tenho sempre acesso à agenda do TMG, aqui em Castelo Branco. Nós, no Primavera Musical, estamos a melhorar (ou a tentar), de ano para ano e colocamos normalmente cartazes e marcadores com a programação em alguns espaços no Fundão, Covilhã e na Guarda. Se o público aproveita a A23 para usufruir da oferta cultural de outras cidades, já é algo que ainda não está suficientemente documentado. No entanto, sei que há muito público do TMG que se desloca da Covilhã. Há também algum, da Covilhã e do Fundão, que vem assistir a concertos do Primavera Musical. No Imago, há dois anos, vi algumas pessoas de Castelo Branco.
Tenho a ideia de que é um processo relativamente lento, quando pensamos em oferta cultural. No caso dos espaços comerciais com uma certa dimensão, a mobilidade é muito maior. Hé muita gente daqui de CB, que se desloca até Viseu, ao Palácio do Gelo, ou gente de Abrantes que vem até ao FORUM Castelo Branco e recordo-me no início do Serra Shopping, que houve romaria aqui deste albicastro.
Se uma agenda A23 poderia ajudar? Tenho a certeza que sim. Mas não seria panaceia.
Mais uma vez, obrigado pela divulgação do Primavera Musical.

Ursdens disse...

Nada que agradecer...

Todos os processos de divulgação cultural são interessantes, desde que democráticos e de fácil acesso, penso que quanto a isso concordamos, embora sem ousar a iluminação de o saber de antemão...

Resta é saber se há vontade para levar a cultura a todos os que a queiram e não para a mascarar em mecanismos de poder...

E, de facto, a "auto-estrada A23" (ainda por cima sem portagens, como aliás hoje se apresenta) é um excelente carril pelo qual a cultura poderá deslizar no interior do país. E não pensemos sequer na questão de o seu traçado não ter grande qualidade... É o que se pode... Se em terra de cegos quem tem um olho é rei, em terra de apeadeiros que tem asfalto não rompe as solas...

Relembro porém, porque nunca é demais relambrar: desde que o espírito seja democrático e não elitista, a auto estrada não abrirá buracos tão cedo e tal poderá talvez (embora este talvez seja uma mera dúvida) remendar as insuficiências do traçado.

Cumprimentos cinéfilos! (e bom uso dos subsídios, pois servem plenamente o fito do preenchimento de buracos, no "estômago" cultural e nas auto-estradas..., os traçados, esses, é que me parece que não se remendam com subsídios...) :)